domingo, 4 de novembro de 2012

Acabe com os lobos antes que eles acabem com você

Da série GESTÃO CORPORATIVA DOS LOBOS, de Sergio Muller Você, por acaso, é um destes sujeitos que, de tanta pressão, sai do trabalho carregando um elefante nas costas? Sente-se arrasado e com dores diversas no corpo no fim do dia? Imagina-se estrangulando o dono da empresa? Caso afirmativo, bem vindo ao clube dos frágeis executivos e considere-se feliz por não estar ainda em terapia. Digo isto porque um dos primeiros sintomas de não estar preparado para o mundo corporativo é justamente recorrer a um analista. O outro sintoma, costumeiro problema, é sentir dor de cabeça e rezar para que o conjuge, à noite, não exija demais de você nas obrigações conjugais. Mas, antes disso, a coisa toda começa quando você faz do ombro da família o seu palco de encenações. Assim, a pobre família terá que aguentar um teatro de lamúrias e a sua revolta contra os caras de cima. Uma coisa será certa, eles te apoiarão mesmo não entendendo bulhufas do que você diz, mas no fundo, lá no fundo, os mais velhos vão desconfiar que você é o pequeno cordeiro no meio dos lobos. Realmente é um grande problema explicar as dores psicológicas do pressionado, mas provavelmente seja algo assim como se sente a carne de segunda sendo cozida à pressão na panela. Muito fogo por baixo, bastante fumaça por dentro e uma tremenda pressão por cima e sem onde sair de imediato. Meu caro amigo, não que eu seja pós-graduado em pressão, mas tive a ímpar oportunidade de estar nestes dois campos de guerra e de lá sair vivo. Assim, ser pressionado, sem dó ou piedade durante alguns anos, me fizeram ver todas as fórmulas possíveis de pressionar. Assim que tive a hora de desempenhar o tão maquiavélico prazer de exercer a pressão, fiz o que se faz coercitivamente nas grandes empresas. E posso afirmar convictamente que, nesta segunda etapa, nem sempre a ética assina o livro dos bons costumes, pois quando se busca resultados de forma frenética num mercado acirrado, não há lugar para os sujeitos bonzinhos. Quando o executivo está na parte do meio do organograma será evidente que ele será a parte mais atritada em todo o processo. Existe, é claro, a pressão que vem de baixo, mas esta é, na maioria, contornável com tapinhas nas costas num simples jantar do departamento. Mas, de qualquer maneira, sempre serão pressões que devem ser controladas e não devem aumentar em hipótese alguma, pois mesmo que as flechas lançadas de baixo por sua tribo não tenham lá grande força, é preciso cuidado para não se ferir. A concentração plena e total do sujeito deve estar focada naquilo que vem de cima e de todas as direções que lá estão, e é bom lembrar que as lanças que vem do alto estarão sempre envenenadas e com a seta virada pra baixo. Observemos o seguinte raciocínio. Cientificamente toda a pressão tem vazão em algum ponto final. Imaginemos que o caminho da pressão nos bastidores seja feito pelas linhas que ligam os retângulos dos cargos no organograma da empresa. Metaforicamente, a vazão se dará na cabeça do ocupante de um destes cargos, neste caso você. Então, se você é a vitima da hora, vou lhe resumir gratuitamente o arsenal de defesa, em dez estratégias, para que a pressão não acabe com a sua vida na empresa. 1. Continue, se quiser, enchendo a paciência da sua família com o seu sofrimento, mas jamais dê o passo, que se poderia chamar de passo em falso, de se lamentar nos corredores da empresa aos parceiros da tribo. Saiba que seus parceiros serão hipócritas nestes momentos e estarão mais é querendo chorar no seu velório. Além do mais, cuidado com os comentários, pois chefes durões vêem e escutam até pelas maçanetas das portas. 2. Considere o fato de que todas as fases do seu cozimento à pressão serão formidáveis períodos de amadurecimento profissional. Lembre-se que os profissionais melhor preparados são aqueles que atuaram em empresas onde existe pressão. Casinhas felizes jamais formaram executivos brilhantes. 3. Fixe em sua mente que na fábula empresarial, o "boss" é o lobo e você é a gazela. Então cumpra o seu papel na história e atue dignamente nos labirintos da empresa. Lembre-se que, tal qual na vida real, muitas vezes, o lobo perde o interesse pela caça e se concentra noutros objetivos. Será a sua vez de ter fôlego e repensar os motivos pelos quais você está na mira do animal. 4. Quando a pressão estiver no limite, redefina os seus planos e aproveite para demitir alguém do seu grupo como se este estivesse atrasando o processo. Isto servirá como uma válvula de escape e reduzirá, por um tempo, a pressão. Saiba que poderosos chefes adoram - como nas civilizações antigas – receber sacrifícios. 5. Grandes executivos são, por vaidade, temperamentais e narcisistas. Nas reuniões, saiba interpretar o temperamento do presidente naquele dia. Desvie-se da linha de tiro e procure, subliminarmente, colocar outro cara no alvo. Descubra seus hobbies, particularidades e frequente discretamente, de preferência no último banco, seu culto religioso. Neste ultimo, não se mostre e deixe que ele o veja meditando. 6. Nunca crie uma blindagem na sua equipe com o intuito de defendê-la da pressão recebida. Não banque o herói contra o sistema e não interrompa o fluxo da pressão, pois se ela for represada o prejuízo ao conjunto será bem maior que o normal. 7. Não espere que o seu superior divida o fracasso com você, mesmo que as idéias principais do projeto tenham dele partido. Pro outro lado, não tenha pena de dividir o fracasso com sua equipe e não seja generoso com o insucesso. 8. Se você for voto vencido em algum plano nas altas reuniões da direção, assuma o que foi decidido e não diga depois aos demais que "infelizmente foi voto vencido", pois isto será uma clara mensagem de que você discorda da decisão. 9. Procure ter jogo de cintura no tratamento com a turma de cima, sabendo analisar a tendência de certos assuntos e se prevenindo para desviar-se de colisões. Procure elogiar, mesmo que no íntimo não ache, de forma discreta, como se não houvesse intenções, algumas atitudes polêmicas dos superiores aos assessores dos próprios. Sua falsa opinião chegará ao destino na velocidade da luz e lhe renderá dividendos. 10. Procure cultivar a mais singela admiração, sem exageros ou intimidades, pela secretária do chefe e tenha sempre por ela o mais delicado dos tratamentos. Lembre-se que na prática, mesmo que ela não esteja no organograma, o chefão tem mais confiança. As opiniões veiculadas nos artigos de colunistas e membros não refletem necessariamente a opinião do Administradores.com.br. Autor Sergio Muller dos Santos Consultor de Negócios para o Varejo. Planejamento Estratégico de Compras, Vendas e Marketing. Experiência de 30 anos no gerenciamento, supervisão e direção de lojas de departamentos. Ex -Diretor Comercial de grande grupo varejista do sul do país. Especialista na reorganização de empresas varejistas de pequeno e médio porte, com ênfase em suas expansões através da gestão de estoques Diretor da MODDA CLUB, CONSULTORIA & SERVIÇOS, empresa especializada na gestão do varejo. Autor do blog SERGIO MULLER VAREJO (sem www: 1948.blog.terra.com.br) voltado exclusivamente para o apoio e consultas de varejistas, com mais de 100 mil acessos de CDLs e lojistas de todo o Brasil

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