quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Da vantagem de ser Bobo ou Esperto

O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu. Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?" Bobo não reclama. Em compensação, como exclama! Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz. O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem. Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas! Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo. Clarice Lispector

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Meu filho está com dificuldades, o que posso fazer pra ajudar?

Esta é a pergunta mais comum entre pais de crianças que apresentam dificuldades na escola. A primeira coisa a se pensar é que não existe um manual de instruções para a criança. O que é importante saber é que o jeito da criança agir com determinadas coisas é aprendido em suas interações; e, portanto, é possível criar um ambiente que estimule seus estudos e desenvolvimento pessoal. Aqui vão algumas dicas de Zoega et. all. (2004) sobre como fazê-lo: 1º Está claro, para seu filho, quais são seus direitos e deveres? É importante que exista clareza sobre o que são os direitos e deveres de seu filho. Seus direitos são conquistados à medida que cumpre seus deveres, e devem ser respeitados pelos pais. 2º O seu filho possui uma rotina de estudos organizada? É importante que os horários da criança sejam bem organizados e que sua rotina de estudos seja respeitada. Cada tipo de atividade deve ter um horário, e a criança rende mais se estudar antes de se cansar com outras atividades. 3º Existe clareza sobre quais são os limites da criança? É importante que ela aprenda que regras são para serem seguidas, e que o não seguimento, tem como consequência a perda de alguns direitos (como assistir TV, por exemplo). À medida que a criança cresce é importante que ela possa participar do estabelecimento destas regras, o que contribui para desenvolvimento de sua responsabilidade. 4º Você acompanha seu filho em suas atividades? É importante que os pais acompanhem os filhos em suas tarefas, mas sem criar um clima de pressão ou cobrança, mas de incentivo e valorização pelo que ele faz. Se for ajudar, é importante que não fala por ele, mas apenas ajude. 5º Você dá autonomia a seu filho sem deixar de cuidar dele? O incentivo à independência é importante para que a criança torne-se uma pessoa responsável mais tarde. Essa independência deve ser fornecida aos poucos, dosando proteção e autonomia. 6º Você o ajuda a ter um contexto adequado aos estudos? Com mesa e cadeira confortável, poucos movimentos ou barulhos que possam tirar sua atenção, sem fome, sede calor ou frio. 7º Você estabelece interações positivas com seu filho? Embora castigar faça com que, naquele momento, a criança deixe de comportar-se inadequadamente, isto não a ensina a conduta correta. E longe do risco do castigo, se o contexto favorecer, ela voltará a comportar-se inadequadamente. É mais proveitoso que os pais valorizem como puderem o que ela faz de adequado, por mais que esteja apenas cumprindo seu dever. Esse comportamento valorizado tenderá a ocorrer mais vezes. 8º Você demonstra afeto pelo seu filho? Muitos pais não o fazem por não terem tempo, ou tentam suprir com presentes ou coisas do tipo. Se os pais são sempre afetuosos com os filhos é bem mais fácil fazê-los seguir regras com boa vontade. Eles farão o que o pai quer por gostar dele, e não por temê-lo. 9º E você, cumpre com seus deveres? A criança aprende muito mais vendo do que ouvindo. Se o pai cobra dela que ela cumpra regras, compromissos e deveres, mas ele próprio não cumpre dificilmente a criança o fará. 10º Você conversa com seu filho? Apenas interroga, ou simplesmente não conversa? É importante que os pais mostrem-se dispostos a ouvir e ENTENDER o filho. Isto ajuda a encontrar a solução para a maioria dos problemas. Um interrogatório, no entanto, onde apenas o pai pergunta e o filho responde, piora a situação. Dar sermões também diminui as chances de que a criança fale. Coloque-se no lugar da criança. 11º Ajude-a a pensar no que aprende. Ou pelo menos ajudar a criança a encontrar aplicabilidade naquilo que aprende. Conversar com ela sobre o que ela estuda pode ser interessante. 12º Incentive o brincar. Uma criança que brinca tem melhor qualidade de vida, menos estresse e, consequentemente, melhor rendimento. 13º Você se interessa pela vida de seu filho? É importante que seja demonstrado interesse pela vida do filho como um todo, e não apenas pelos resultados que ele apresenta na escola. Isso faz com que a criança sinta-se mais valorizada e, por consequência, se esforce mais. Já parou pra pensar sobre como é que o seu filho aprende? Muita gente com certeza diria que não. A aprendizagem é um processo que, pode-se dizer, inicia-se de fora pra dentro. A criança nasce com um conjunto de características físicas e comportamentais que são comuns a todos os outros seres humanos, e é a partir destas características que ela inicia a sua interação com o mundo. A criança, a princípio, possui apenas movimentos aleatórios. À medida que ela vai experienciando o meio que a cerca, estes movimentos vão gerando certas consequências que, ao se associarem ao contexto no qual ocorrem, passam a controlar as suas ações. Por exemplo: um bebê recém nascido move aleatoriamente o braço. Um belo dia descobre que movendo em certa direção, terá como consequência bater no móbile e fazer um som. Ela aprende então que, na presença do móbile, aquele movimento tem como consequência o “som”, aprendendo, deste modo, a extrair o som do móbile. Se não houvesse a consequência (som), ela não aprenderia a bater no móbile. A mesma coisa acontece com a maioria dos outros comportamentos da criança. O estudar, por exemplo, o que tem como consequência? O reconhecimento dos pais? Mais horas para se divertir a tarde? O direito de jogar videogame? Sim, para que a criança aprenda a estudar, este comportamento precisa ter consequências agradáveis para ela. Esta consequência tem, necessariamente, que ser algo do interesse da criança; ou seja, algo que ela goste. Um detalhe importante é que estas consequências devem ser imediatas; isto é, quanto menor o intervalo de tempo entre o momento em que a criança comportou-se adequadamente e o momento em que a consequência foi apresentada, maiores as chances daquele comportamento ser aprendido. Parece artificial? Sim, mas até que a criança de fato tenha aprendido a estudar, dificilmente este comportamento irá gerar consequências naturais que exerçam controle sobre ele. Com o tempo, o próprio estudar tornar-se-á prazeroso para ela, mas até então, é necessário que os pais contribuam deste modo. Encarar o “estudar” como nada mais do que uma obrigação da criança é um erro. Embora os pais pensem assim, é bobagem querer impor isto ao filho. Pelo contrário, se os pais associarem o “estudar” com broncas, imposição, brigas ou coisas do gênero, estarão apenas contribuindo para que a criança goste cada vez menos de estudar. Se a aprendizagem da criança ocorre assim, de acordo com as consequências que seu comportamento gera no ambiente, culpabilizá-la por não aprender é, então, apenas se fugir da própria responsabilidade. Como dito antes, é certo que nenhuma criança nasce com manual de instruções, mas é possível aprender a lidar com ela e programar condições para que ela desenvolva o gosto e o hábito de estudar. Texto de Esequias Caetano de Almeida Neto – Psicólogo Blog: http://www.comportese.com/

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Às vezes, fazer a PERGUNTA CERTA é a resposta.

Quantos anos você teria se você não soubesse sua idade? O que é pior, cair ou nunca tentar? Se a vida é tão curta, por que a gente gasta tempo fazendo coisas que não gostamos e gostamos de coisas que a gente não gosta de verdade? Quanto tudo estiver dito e feito, você vai ter mais coisas DITAS ao invés de FEITAS? Se você pudesse mudar algo no mundo, o que seria? Você está fazendo o que você acredita ser certo ou você está se adaptando ao que está fazendo? Se a expectativa de vida humana média fosse 40 anos, como você viveria sua vida? A que nível você realmente controlou o rumo que sua vida tomou? Você está mais preocupado em fazer as as coisas DIREITO ou em fazer as coisas CERTAS? Se a felicidade fosse a moeda do país, o que te faria ser rico? Você está almoçando com três pessoas que você respeita e admira bastante. Eles começam a criticar uma pessoa próxima a vocês, mas sem saber que essa pessoa é sua amiga. As críticas são injustificáveis e desagradáveis. O que você faria? SE você pudesse oferecer a um recém nascido apenas um conselho, qual seria? Você já quebrou as regras para salvar alguém? Você já viu insanidade em algo que, mais tarde, virou criatividade? Consegue explicar por que algumas coisas que te fazem feliz não fazem TODOS felizes? Qual é aquela coisa que você não fez mas morre de vontade de fazer? O que está te impedindo? Você está se prendendo a algo que você quer se desfazer? Qual é aquela coisa que você faz diferente da grande maioria das pessoas? Se você tivesse que se mudar para outro estado ou país, qual seria e por quê? Você aperta o botão do elevador mais de uma vez? Você clica mais de uma vez nos links? Acha que isso funciona? Você prefere ser uma pessoa normal satisfeita ou um gênio preocupado? Por que você é você? [adoro essa rs] Você tem sido o tipo de amigo que você gostaria de ter como amigo? O que é pior, quando um bom amigo se muda para longe, ou perder contato com um bom amigo que mora próximo de você? Qual é a coisa que você é mais grato? Você prefere perder a memória ou morrer? É possível saber a verdade sem contestá-la antes? Seu maior medo alguma vez se realizou? Você se lembra daquela vez, quando você era bem pequenininho, que você ficou realmente chateado…? Aquilo importa, agora? Qual é sua memória mais feliz da sua infância? O que a torna tão especial? Em que momento de um passado recente você se sentiu mais vivo e apaixonado pela vida? Se não agora, quando? Se você não concluiu sua meta ainda, o que você tem a perder? Você já esteve com alguém, não disse nada, e saiu andando, sentindo como se você tivesse acabado de ter a melhor conversa de todas? Por que religiões que suportam o amor causam tantas guerras? É possível saber, sem sombra alguma de dúvida, o que é bom e o que é mau? Se você acabasse de ganhar 1 milhão de dólares, você se demitiria? Você preferiria ter menos trabalho para fazer ou mais trabalho que você realmente gostasse de fazer? Você já teve um dia onde sentiu que já viveu o mesmo dia centenas de vezes? Quando foi a última vez que você caminhou em direção à escuridão com apenas um feixe de luz vindo de uma idéia que você acreditava com extrema convicção? Se você soubesse que todas as pessoas morreriam amanhã, quem você visitaria hoje? Você reduziria sua expectativa de vida em 10 anos para ser alguém extremamente atraente ou famoso? Qual a diferença entre existir e viver? Quando é hora de parar de calcular riscos e recompensas e simplesmente seguir adiante pelo que você sabe que é certo? Se nós aprendermos com nossos erros, por que temos tanto medo em errar? O que você faria diferente se soubesse que ninguém te julgaria? Quando foi a última vez que você percebeu o som da sua respiração? O que você ama? Alguma das suas ações recentes expressaram abertamente seu amor? Daqui a 5 anos, você vai lembrar do que você fez ontem? Ou antes de ontem? OU antes de de antes de ontem? Decisões são tomadas a todo momento, inclusive agora. A pergunta é: você esta´fazendo elas por si mesmo ou estão deixando outras pessoas fazerem por você?