segunda-feira, 9 de abril de 2012

O Corpo Odeia a Intromissão da Razão

Não deixa de ser curioso observarmos a existência de uma certa luta de poder entre a mente e o corpo, que tenta de todas as formas manter seu direito a uma existência autônoma, livre da influência da razão – que procura mandar em tudo. Essa parte da vida interior, que pensa, ouve, fantasia e faz planos também gostaria muito de interferir sobre o funcionamento do nosso corpo. Quando tenta, quase sempre sai perdendo. É minha convicção antiga a de que o mesmo também acontece também com a questão da obesidade. Se uma pessoa ganha alguns quilos por qualquer motivo banal – por exemplo, a gestação ou o início da vida conjugal –, ela pode desenvolver grande preocupação com o assunto e imediatamente tratar de usar sua razão para impor ao organismo determinadas restrições alimentares, que supostamente farão o peso voltar aos níveis anteriores. Até aí, tudo bem. Nada mais lógico que se faça uso da razão para algo que depende de procedimentos concretos que poderão ajudar a atingir os objetivos. Muitas pessoas, porém, desenvolvem uma obsessão pelo tema. Têm pavor de voltar a engordar. Começam a se pesar diariamente e a regular cada azeitona a mais que ingerem. Impõem a si mesmos restrições e proibições rigorosas. O que até então era natural e espontâneo – o comer por prazer e por necessidade – começa a sofrer uma fiscalização rigorosa e permanente. O que acontece? Tais pessoas têm enorme chance de se tornarem obesas. Além do mais, é sempre bom lembrar que, ao estabelecermos um sistema rígido e restritivo, estaremos apenas aumentando o desejo por aquilo que foi proibido. O que vale para o sexo vale também para o chocolate e para a feijoada.

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